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Fim de linha?: Ferrovia que corta Jaguarari está desaparecendo após consecutivos furtos de trilhos apagando o legado histórico da estrada de ferro

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Nos últimos anos, o aumento no número de furtos de trilhos e outros componentes ferroviários está causando o desaparecimento da linha férrea que corta o município de Jaguarari, no Centro-Norte da Bahia. A atual Ferrovia Centro Atlântica (FCA), inaugurada em meados de 1880 que foi fundamental para o progresso econômico e social da região com o transporte de passageiros e cargas, vêm sendo alvo de criminosos há alguns anos. 

De acordo com informações, desde 2020 os trens não trafegam mais e, os primeiros registros de furtos são de 2022. Embora as forças de segurança, como a Polícia Rodoviária Federal, Militar e Civil, tenham intensificado as ações para recuperar toneladas de materiais furtados e prender suspeitos, os resultados têm sido aquém do desejado. A empresa responsável pelo trecho, a VLI, parece negligenciar a manutenção da linha, contribuindo para o agravamento da situação.

Registro de apreensões e devolução de materiais furtados feitas pelas forças de segurança nos últimos três anos

Em 09 de outubro de 2024 dezenas de trilhos de aço furtados e que estavam apreendidos, passaram por perícia e depois foram devolvidos pela Polícia Civil de Jaguarari à empresa VLI. Apurado na época pela reportagem do PJ, a informação é que o material seria encaminhado para Salvador, onde seriam revitalizados e recolocados no trecho novamente, porém até o momento nada foi feito.

De acordo com o escrito na fotografia, "distribuição de água aos moradores de Jaguarari pelo trem de carreira da Estrada de Ferro São Francisco. Bahia, 1912" (Neiva, Penna, estampa 21; arquivo Belisário Penna, Casa de Oswaldo Cruz/FIOCRUZ).

O legado histórico da ferrovia, que já foi um símbolo de desenvolvimento para Jaguarari, está sumindo diante dos olhos da população. O que restou da linha férrea na maior parte da zona rural já foi levado, e nas áreas urbanas, poucos vestígios permanecem, muitos deles em estado crítico. Trechos entre o distrito de Juacema e o povoado de Flamengo praticamente não existem mais. O mesmo acontece na região de Aroeira e Olhos D'água, restando apenas alguns dormentes de madeira. Os furtos ultrapassam o limite de Jaguarari e já alcançam o município de Juazeiro.

Em uma tentativa de compreender melhor a situação, nossa reportagem contatou a VLI, que, a princípio, prometeu reunir informações sobre os problemas enfrentados pela ferrovia. No entanto, após mais de um mês desde a solicitação, não recebemos qualquer resposta da empresa, o que levanta questionamentos sobre o comprometimento da VLI com a manutenção do patrimônio histórico e a segurança da população.

Registro da passagem do trem de carga em 2012 e a foto abaixo o mesmo local nos dias atuais

Além disso, a degradação da linha férrea representa um apagamento da memória coletiva. Histórias de gerações que cresceram à sombra da ferrovia, que viam os trens partindo e chegando, estão se perdendo. O patrimônio cultural e histórico que a ferrovia representa deve ser preservado não apenas como um meio de transporte, mas como uma parte essencial da identidade de Jaguarari. 

Assim como a linha férrea, às antigas estações também estão esquecidas. A estação de Juacema, que tem uma ligação histórica com a passagem do cangaceiro Lampião e seu bando, já não existe mais. As estações de Flamengo e Barrinha estão abandonadas e, hoje em dia, a de Jaguarari está sediada à prefeitura.

Trem na estação de Itumurim em 1912 (Atualmente-Juacema) (Foto: autor desconhecido). 

A urgência por uma solução é bem evidente. A mobilização da população, juntamente com iniciativas do poder público, pode ser crucial para salvar o que resta da linha férrea. É necessário que a VLI tome medidas efetivas para a recuperação e manutenção da via, assegurando que a história de Jaguarari não se perca juntamente com os trilhos.

Fonte e fotos: Portal Jaguarari



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dsd