Artigo: Os Pseudos heróis pré fabricados pela elite dominante de determinada época
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Imagem ilustrativa |
Vivemos em uma República escrita em mal traçadas linhas, visto que, a mesma foi imposta por um golpe de estado militar contra o regime monárquico da época, comandado por um general monarquística, cujo centro da questão era uma pauta de reivindicação de soldos de sua tropa.
A história costuma dar voltas e reviravoltas, no processo histórico, para um cidadão comum, nem sempre é fácil perceber…
Observem, observem, observem, eu sempre lhes digo, façam sempre uma observação, questionem-se.
Deixo bem claro, que esta análise é somente para questionar, nos fatos históricos, a construção do mito, Tiradentes, conscientizar e tentar sensibilizar aos leitores do que nos é repassado desde os primórdios “civilizatórios”.
A Sociedade precisa cada vez mais, viver em busca pelo mito do herói, e a história oficial é farta deles, temos muito nos livros, monumentos, feriados etc. Fazendo uma breve correlação com o que dizia Sigmund. Freud, em sua obra, a psicologia das massas e análise do eu, parafraseando-o, as massas vivem eternamente em busca de Salvadores da Pátria.
Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, é um grande exemplo desta construção mítica oficial.
Dia 21/04, celebrou-se, mais um ano de seu “desencarne” na condição de herói nacional.
O mesmo foi preso, julgado, e condenado á morte, porém a ideia de herói e de quem lutou pela igualdade e libertação do país é puro fake.
Tiradentes foi preso, porque participava de um esquema de desvio de “Ouro da Coroa”, que na época nos explorava, o que chamamos hoje de corrupção, uma prática muito comum entre os ricos da época e poderosos, isto mesmo, estava “atolado” em um esquema de desvio de ouro.
Portugal na época, final do século XVII, não estava bem economicamente, conseguiu o monopólio da extração e criou casas de fundição, para fiscalizar e controlar a produção aurífera.
Diversos impostos foram criados pela coroa portuguesa, entre o eles o “Quinto”, 20% era destinado à coroa, assim como a tremenda “Derrama” que seria o confisco de objetos pessoais, diante da possibilidade de não arrecadar o volume de ouro condicionado pela corte portuguesa.
O grande problema, é que muitas pessoas passaram a explorarem ouro e muitas outras a sonegar os impostos, o que habitualmente os ricos fazem até hoje, eu disse elite mineradora, sim isso mesmo! Ricos e poderosos que tinham seus interesses em conflito iniciam um movimento de separação de Minas Gerais.
Não era um projeto de independência do Brasil, mas sim de Minas, não houve nenhuma intenção de acabar com a escravidão, tampouco se desenvolveu um projeto de sociedade, o que estava em jogo eram os interesses da elite mineradora, entre eles o do próprio Tiradentes, que não era o cara mais poderoso entre os poderosos, ao contrário, só sofreu as consequências, porque era o menos rico, poderoso, entre os ricos.
Existe uma outra questão, que “conspira” contra o próprio Tiradentes em si, ele conspirou contra a coroa, fez parte de um movimento de sonegadores, mas sua posição de alferes comandante do destacamento de Dragões lhe conferia o domínio sobre o território das Minas Gerais e nada entrava e saia das Minas sem seu consentimento inclusive muito ouro desviado.
Esse foi o Tiradentes, ele não lutou pela independência do Brasil, mas sim, descontente com a cobrança de impostos e pelo desvios que ele e seus parceiros faziam, pensaram em separar as Minas Gerais.
Ele não lutou em defesa de um projeto de um país, tampouco problematizou a escravidão, mesmo seu movimento tendo sido inspirado pelos iluministas franceses que debatiam o fim da escravidão nas colônias.
Aquela imagem de um homem esquartejado, semelhante a Jesus Cristo, é naturalmente uma construção histórica, uma produção artística de 1893, para se ter uma ideia, quase cem anos depois de sua morte, foi feito pelo artista Pedro Américo, o mesmo que pintou D. Pedro em um cavalo que nunca subiu, com uma espada que não tinha e com roupas que não vestiu no sete de setembro de 1822, mas isto é um debate, para uma futura analise.
Em resumo Tiradentes foi morto no período colonial (1789), esquecido durante todo o império, (1822/1831) e resgatado na República (1889), somente cem anos depois, lá no contexto da república, outro golpe em nossa história, o qual refiro-me na introdução do mesmo, e que será discutido em outro momento, os republicanos precisavam de figuras que “lutaram” contra o imperio.
Daí o resgate da figura do Tiradentes e a construção mítica em torno de si, evidentemente para que sua imagem servisse aos interessados que chegavam naquela época ao poder, à tal da Proclamação da República. Hoje tido como herói oficial republicano, ganha o feriado próprio e nós precisamos mais que perder o feriado, perder o afeto, apego aos falsos heróis.
João Bosko – Boskinho Brazil
Articulista, analista político, mestre em gestão pública e matemático...
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