Licuri e mandacaru da Bahia são matéria-prima para cosméticos de grande marca nacional e internacional
Com a profissionalização da base produtiva e da gestão das organizações da agricultura familiar, cooperativas baianas passaram a ter acesso a mercados mais vantajosos e competitivos. É o caso da Cooperativa de Produção da Região do Piemonte da Diamantina (Coopes) e da Cooperativa de Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá (Coopercuc), que comercializam suas matérias-primas tanto para consumidores em feiras livres quanto para grandes empresas de cosméticos, como a L'Occitane au Brésil.
O coquinho da Caatinga, o licuri, virou ingrediente da famosa marca de cosméticos e aumentou a renda de famílias de agricultores familiares na Bahia. Da amêndoa do fruto são feitos leite, cocada, farofa, licor, sabão e um ingrediente valioso na fabricação de óleos de banho e cremes hidratantes pela famosa marca francesa de cosméticos. A Coopes fornece o produto anualmente para a empresa. O fruto coletado é transformado em óleo na agroindústria da cooperativa antes de ser entregue à L’Occitane au Brésil.
Outro produto da biodiversidade baiana que caiu no gosto do departamento de beleza foi o mandacaru. A matéria-prima da Coopercuc dá origem à produção de uma linha de cosméticos como sabonete líquido, sabonete cremoso, hidratante corporal e cremes. A cooperativa forneceu 600 quilos de mandacaru em 2019 e, além da parceria comercial da matéria-prima, recebe uma porcentagem da repartição de benefícios.
O Governo do Estado, por meio do projeto Bahia Produtiva, está investindo R$130,5 milhões para estimular o crescimento produtivo da agricultura familiar da Bahia, por meio de parcerias com o setor privado. Os recursos e investimentos serão direcionados para as cooperativas da agricultura familiar que ganham com melhorias nos processos de gestão, nas aquisições de equipamentos mais eficientes, no desenvolvimento de novos produtos, entre outros resultados.
A Coopes já recebeu investimento do Bahia Produtiva da ordem de R$3,9 milhões, aplicados em infraestrutura para armazenamento e equipamentos, implantação de uma unidade de beneficiamento, aquisição de câmara fria, kit colheita de licuri para 40 famílias, identidade visual, painel solar, um caminhão com capacidade para 14 toneladas, uma moto, um veículo utilitário. São aplicados recursos também em assistência técnica e extensão rural (Ater) e apoio à gestão do empreendimento. Já a Coopercuc recebeu investimento de R$1,8 milhão direcionado para o acesso ao mercado e investido na aquisição de novos equipamentos, mudança de rótulos para o mercado europeu e certificações, como a de produtos veganos.
O coordenador de Inteligência de Mercado do projeto Bahia Produtiva, Guilherme Souza, ressaltou que o projeto apoia organizações produtivas com estratégias de mercado para profissionalizar as organizações desde sua base produtiva até sua gestão para ter acesso mercados mais vantajosos e competitivos: “São duas cooperativas financiadas pelo Bahia Produtiva, que além da linha de alimentos, têm parceria com a L'Occitane, que atua com produtos de cosméticos, com uma linha de biomas. Uma relação com uma marca de alcance nacional e com uma linha de produtos da biodibversidade da agricultura familiar baiana. Financiamos a profissionalização da gestão, organização da base produtiva e, com isso, elas conseguem a relações comerciais para colocarem esses produtos à disposição do mercado”.
O Bahia Produtiva é executado pela Companhia de Desenvolvimento Rural (CAR), empresa pública vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), com cofinanciamento do Banco Mundial.
Ascom SDR
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