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Artigo: Doar órgãos faz bem a todos

Ilustração
Sem dúvidas, um problema complexo até para o debate. Envolve tudo o que há de mais sagrado nesse “plano” da vida.

Quando se trata de doador vivo, este abre mão de parte de seu corpo para integrar o corpo de outra pessoa.

Noutra condição, o doador é considerado falecido pela Ciência, mas precisa ter a sua vida prolongada por aparelhos para que a vida de outro siga com mais conforto, ou simplesmente continue.

Essa é a parte física inescapável dessa relação entre receptores e doadores de órgãos. Embora de extrema gravidade, essa talvez seja a etapa menos complicada. A partir daqui, envolve valores éticos, morais, religiosos e principalmente de formação pessoal.

Existem religiões que não permitem a transfusão de sangue a seus seguidores. Não raro o noticiário divulga um conflito entre um médico com o dever de salvar o paciente e uma família que não permite a realização desse processo.

Outros preferem não fazer a doação de órgãos de algum familiar, por entender que a pessoa deve ir para o outro plano sem faltar pedaços, na sua integralidade, como aportou por aqui.

Quem tem um ente querido precisando de um órgão não entende as razões de alguém se negar a dar condições de uma vida melhor a outra pessoa. Essa defesa poderia até ser reforçada com o princípio religioso do “ama ao próximo como a ti mesmo”.

Aqueles situados numa posição oposta, com um parente à beira da morte, podem colocar dúvida na Ciência e acreditar numa possibilidade de cura e consequente sobrevida do ente querido. Essa tese também tem o reforço da fé religiosa. Inclusive, pode reforçar essa posição a tese de que alguém só se torna santo se possuir dois milagres comprovados. Ou seja, quem assim se posiciona tem todo direito de acreditar que seu parente venha a ser merecedor de um milagre.

Apesar de parecer contraditório comprovar milagres, não se pode negar que se trata de um requisito exigido para a beatificação de alguém. E se exatamente aquele parente for o merecedor desse feito?
Apesar de tantos conflitos, o que deve merecer uma análise leve, confortável, segura é que todas as crenças, a fé, os rituais colocam a vida em primeiro lugar. Todos eles são meios de se tornar a vida um pouco melhor.

Não se deve expressar um conceito taxativo, atribuindo a quem doa o atributo de “correto”, nem considerando “errado” aquele que opta por não doar. Mas, quem escreve deve passar algum elemento para fortalecer um dos lados.

Como a vida é o bem mais importante neste plano, a dor da família doadora deve ser reconfortada com o bem gerado à outra parte. Também não há dúvida quanto a se tratar de uma decisão extremamente difícil. Ao doar, a família vai dar vida a quem recebe e aliviar o sofrimento de todos os envolvidos, especialmente dos familiares do receptor.

O bem suplanta qualquer dor. Praticá-lo é defendido por qualquer religião, crença ou filosofia de vida. Doar órgãos só traz o bem para todos e talvez seja a maior demonstração de amor que exista.

Socialismo sui generis

Grande parte dos males do mundo resulta da defesa cega de conceitos e de dogmas. Podem ser de cunho religioso, acadêmico, filosófico; de Estado, de povo, de sistema de governo, de partido político e até de time de futebol. Por eles, as pessoas continuam morrendo ou matando individualmente ou em grandes guerras entre nações.

Portanto, só vamos tentar abordar aqui algumas ações assistencialistas de governos brasileiros, sem entrar no mérito se é possível associá-las a determinado sistema econômico.

Começam com uma série de bolsas assistencialistas do governo federal. Por meio delas, o governo incentiva a proliferação de crianças, especialmente em regiões pobres, para aumentar o valor da bolsa recebido por cabeça. Também aprovou o Estatuto do Idoso, a lei federal nº 10.741/2003, concedendo isenção às pessoas acima de 65 anos de pagamento de passagens nos transportes coletivos nas cidades. Ora, a pessoa não se torna incapaz ao chegar a essa idade. O importante seria uma aposentadoria em que as pessoas custeassem sua própria locomoção, seus remédios, sua alimentação.
Já os estudantes são beneficiados com a chamada meia-entrada em vários ramos de atividade e com o pagamento de metade do valor das passagens. Trata-se de um auxílio generalizado, sem uma análise sobre casos específicos de quem teria necessidade econômica.

A gratuidade vai além do ir e vir à escola. Dentro dela, governos se vangloriam pelo fato de muitas crianças irem às aulas pela comida, as três refeições diárias, e não pelo aprendizado. Não satisfeita, em São Paulo, a prefeitura gasta uma verdadeira fortuna com postagem para que o Correio entregue o leite na casa do aluno.

Ainda no Estado de São Paulo existem os restaurantes “Bom Prato”, modelo copiado com pequenas adaptações no Brasil inteiro, nos quais uma refeição básica custa R$ 1,00, com direito a um suco; e um café da manhã pela metade desse valor. O cidadão sai de barriga cheia para morrer na próxima esquina por falta de segurança, exatamente por faltar o dinheiro com que o governo subsidia essas funções exclusivas do indivíduo.

São medidas paliativas que servem para iludir a quem necessita e aos defensores ingênuos de boa fé. Governos devem fomentar o desenvolvimento para ter emprego. Quem tem o dever de alimentar os filhos são os pais ou responsáveis. Até por padronização e organização defendo a alimentação pelo Estado na fase de creche. Todavia, o governo engana alguns com comida, enquanto deixa milhares de crianças sem creche.

Os governos dão comida no lugar de ensino de qualidade para preparar cidadãos com boa formação e prósperos para, com isso, darem retorno automático em pagamento de impostos ao Estado. O mesmo governo que gasta fortuna para o leite chegar à porta, deixa que o cocô “in natura” seja despejado diretamente nos rios da cidade.

Com a máxima urgência, é preciso que cada cidadão assuma suas obrigações pessoais, ficando a cargo dos governos as funções essenciais e para todos. Esse assistencialismo generalizado e enganoso forma cidadãos parasitários e dependentes exclusivamente de governos.


Pedro Cardoso da Costa – Interlagos/SP
Bacharel em direito

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